As manchetes da janela de transferências estão a cada dia mais escondidas por trás da Copa do Mundo, mas os clubes continuam trabalhando na montagem de seus elencos. Há algum tempo não surgem rumores relevantes envolvendo o United e isso provavelmente indica que os alvos são os discutidos anteriormente e agora é fase de sondagem, conversas, negociações. De qualquer forma, é certo que alguns jogadores vão deixar o Old Trafford nessa off-season.
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E isso é de tremenda importância para o sucesso de um time, como comentado por aqui diversas vezes e demonstrado por certas ocasiões marcantes. Trago dois exemplos próximos, um do nosso lado e outro vestindo a camisa rival. Uma das figuras mais respeitadas da história, Sir Alex Ferguson era um mestre na filtragem do plantel - abrindo e guardando espaço sempre para aqueles que se encaixavam em sua filosofia geral e o contexto momentâneo.

Também em Manchester, o City passou por uma revolução sob o comando de Pep Guardiola. A sonhada Champions League ainda não veio - e vai demorar para nos alcançarem nesse sentido -, mas as atuações e o desempenho na última Premier League comprovam o trabalho bem feito. Além das compras pontuais, o desenho tático impressionante e um upgrade na mentalidade, o que se viu foi um treinador disposto a se livrar de peças desnecessárias.
Nasri, Mangala, Hart, Bony, Sagna, Navas, Clichy, Zabaleta, Kolarov, Fernando e Nolito foram alguns dos nomes conhecidos que fizeram as malas. O dinheiro que entrou com todas essas vendas e dispensas beira as 35 milhões de libras. Tirei Iheanacho da equação, pois foi um caso diferente (atleta promissor, em evolução, adquirido pelo Leicester por £27M). Focando nos que sobram, então, ficam evidentes duas coisas: a vontade de limpar o elenco e o interesse baixo pela taxa que cada um poderia render.
Claro que é melhor realizar transações com cifras capazes de garantir lucro (muito difícil) ou um déficit menor em relação a quando foram comprados, mas o ato imprescindível é 'não enrolar'. Se há interesse e o mínimo mercado para jogadores que estão 'pesando', a melhor das opções é vender e seguir em frente. A evolução só se dá por completa quando as negações estão em dia junto com as afirmações. Trazendo pro futebol, são exatamente as saídas e chegadas.

Nossa equipe conta com um bom plantel, mas sabemos que vários espaços são ocupados de maneira supérflua. Um dos que podem se transferir nessa janela é Anthony Martial, analisado em vários textos e com sua situação explicada aqui. Resumindo minha visão sobre o caso, considero uma pena - e incompetência - que o clube não tenha oferecido garantias para um garoto talentoso, produtivo e concorrente a Player of the Year com 19 anos.
Entretanto, é assunto falado com frequência e por um lado o francês pode abrir vaga para um ponta direita. Por lá, inclusive, Mata deve partir se chegar uma proposta plausível nas mãos de Mourinho. O espanhol tem sua utilidade e entrou bem em algumas partidas em que o conjunto parecia fazer tudo errado. Sua função era dar um pouco mais de controle e direção nas zonas centrais, totalmente longe da profundidade pelos flancos que também necessitamos.
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Juan nunca conseguiu fazer campanhas próximas daquela com o Chelsea, em 2012/13, quando era um armador world-class. É uma figura interessante, mas não faria falta. Assim como Fellaini, um personagem chamativo e que também foi fundamental para seu clube antes de assinar com o United. No Everton, o belga impressionou pelo modo com que mesclava um jogo físico e ações qualificadas na bola, inclusive brilhando contra a gente.

A história depois disso foi totalmente distinta, o transformando em um meia repleto de limitações e com pouquíssima utilidade. Verdade que pelo menos é algo definido - a ameaça pelo alto em momentos de desespero -, mas representa um repertório desalinhado com os parâmetros de potências europeias. Tratei mais sobre o tema nesse post. Felizmente, seu contrato acaba daqui 10 dias e está praticamente certo que não haverá renovação.
Atrás, onde temos vários pesos mortos recebendo salário sem entregar desempenho, o mais perto de sair é Darmian. O italiano chegou como um dos melhores laterais da Serie A de 14/15, pelo Torino. Aqui, conseguiu fazer com que o também mediano Valencia fosse recuado para ocupar sua posição. Me lembro de no máximo umas cinco performances positivas, sempre sustentadas em pilares pouco chamativos - posicionamento sem a posse, cobertura para companheiro X e por aí vai.
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Nada de tanta relevância e, caso fossem partes concretas de seu jogo, não daria para contar na mão a quantidade de boas atuações. Por incrível que pareça, a Juventus está atrás de seus direitos e oferece 12 milhões de euros, 8 a menos da pedida dos ingleses. Representantes das partes envolvidas teriam reunião nesta semana para alcançar alguma conclusão, mas ainda não temos novidades. O fato é que não podemos perder a oportunidade da venda por uma quantia irrisória ao balanço financeiro.

O estado de Shaw é uma incógnita, pois tudo depende das movimentações de Mourinho no mercado. Alex Sandro parece um alvo, mas ainda não teve proposta e há alguns dias surgiu a especulação de que o treinador estaria contente com o inglês e Young. Esse que, apesar de apenas tapar buraco, continuará conosco. Sobre o lateral ex-Southampton, vejo uma possibilidade de retomada na carreira, mas as perspectivas no ambiente esquisito de Old Trafford me parecem pequenas.
Ele fez boas partidas em 17/18, mas nunca teve a confiança de Jose e, sem esse elemento essencial para o desenvolvimento de promessas, seu potencial nunca será explorado. É uma situação estranha que vem se desenhando na posição. Outro que já atuou por ali - inclusive antes de ser contratado, se destacando no Ajax e na Copa do Mundo de 2014 - é Blind, dono de sete aparições na última Premier League.
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Sob o comando de Van Gaal o rendimento agradou e sua qualidade na saída de bola deveria ter sido mais utilizada nas recentes temporadas, mas não terá futuro aqui. Ainda não existem rumores indicando possíveis destinos. A zaga vive um mundo único, cercado de decisões e declarações duvidosas vindo do chefe. Alderweireld é um alvo, mas a alta pedida do Tottenham fez o United recuar. Falei aqui sobre como negócios com Daniel Levy, chairman dos Spurs, costumam frustrar.

Mesmo assim, um reforço para a posição é prioridade da comissão técnica e precisamos descobrir o que farão com o restante. Bailly e Lindelof - por motivos diferentes - devem estar 'salvos', enquanto é plausível imaginar alguma(s) saída(s) entre Smalling, Jones e Rojo. Que aconteça, né? De qualquer modo, também são vazias as especulações com o trio. Isso tudo indica que provavelmente essas possíveis vendas vão se arrastar e muitas podem acabar nem acontecendo.
Para o bem da montagem do elenco, que se preocupem com esse 'filtro de qualidade' e não sejam displicentes. Os exemplos de sucesso estão aí para provar que pesos desnecessários precisam ser retirados da balança. Quem vocês mandariam embora?